Sensores de qualquer instrumento de medida sofrem alterações em suas características em função do tempo, seja por agentes externos (tal como corrosão do sensor pelo meio a que esta exposto), seja pelo próprio envelhecimento do sensor (alteração gradativa de suas características elétricas e mecânicas).
Dessa forma, a fim de manter-se alto grau de confiabilidade com relação aos dados fornecidos pelo sensor, requerido em levantamentos de oceanografia física, e imprescindível realizar-se periodicamente a aferição do sensor. 0 processo de aferição permite obter-se curvas ou equações que relacionam o dado fornecido pelo sensor com o valor "real" da grandeza a medir.
Idealmente é recomendado que cada sensor seja aferido imediatamente antes do levantamento oceanográfico e imediatamente após seu término.
0 Instituto Oceanográfico da USP está implantando um Centro de Calibração que está aparelhado para realizar a calibração de sensores de temperatura, condutividade (salinidade) e pressão dentro dos níveis de precisão estabelecidos pelo programa WOCE. 0 centro conta com uma balança de peso morto Desgranges et Huot MOD.5403ECP (para a aferição de sensores de pressão), termômetros de platina Rosemount MOD.162CE acoplados a um medidor de resistência FLUKE MOD.8505 e um salinometro Guildline Autosal. Possui uma célula de referencia de temperatura de ponto triplo da água e de ponto de fusão de Gálio, com seus respectivos banhos isotérmicos. 0 centro de calibração conta ainda com um tanque de calibração com controle de temperatura (onde são colocados os instrumentos a calibrar), com volume interno de 0.4 m . Embora o centro não esteja totalmente operacional, já tem condições de realizar aferições de sensores de temperatura e pressão.
Em julho de 1993 foi realizada a calibração dos sensores de temperatura e pressão de um marégrafo IOS MARK I.
As Figuras la e 1b apresentam os resultados da calibração do sensor de temperatura do marégrafo. Na Figura la, a temperatura calibrada do sensor contra temperatura medida pelo termômetro de mercúrio, pode-se notar a linearidade do sensor no intervalo utilizado (3 a 18º C); os resíduos, entretanto variam muito, entre -0.2º C e 0.2º C (Fig. 1b). 0 resíduo da calibração (Temperatura de referencia menos temperatura calibrada do sensor), é uma estimativa da precisão da calibração do sensor. 0 desvio padrão para essa calibração foi de 0.14º C. 0 polinômio ajustado no sentido de mínimos quadrados foi de segundo grau.
As Figuras 2a e 2b apresentam os resultados da calibração do sensor de pressão Straia Gauge 1/21 e as Figuras 3a e 3b apresentam os resultados para o sensor Digiquartz 2662. Os polinômios ajustados foram de quarto grau, com o efeito da variação da freqüência fornecida pelos sensores com a temperatura eliminado em primeira ordem. 0 desvio padrão dos resíduos foi de 0.0011 e 0.0092 bar respectivamente para os sensores Digiquartz e Strain Gauge.